A Lagoa do Bebedouro é um atrativo natural de rara beleza,
no entanto não tem sido explorada racionalmente. Enquanto atrativo turístico
não se encontra em roteiros de visitação promovido pelas agências locais; como
área de lazer e
entretenimento carece
de estrutura adequada para tal; a atividade piscícola também é desprezada.
Enfim, serve mesmo é como depósito de dejetos de toda a natureza.
Quem avista a Lagoa do Bebedouro de longe tem a
impressão de contemplar uma maravilha. Ledo engano. Esgotos residenciais
e
comerciais,
lixo de todo tipo, animais mortos, óleos e graxas, são lançados para o “grande
esgoto” daquela área da cidade de Parnaíba.
Garças povoam a Lagoa. Dando-nos a falsa impressão de beleza
plena. O que poucos sabem é que a presença destas belas aves é prenúncio de um
quadro funesto: poluição em níveis intoleráveis.
O mau cheiro que já exala dali impressiona tanto quanto
incomoda a quem se atreve a percorrer o seu perímetro. A poluição está
tornando-se insuportável!
“Bem intencionados” cercam,
plantam e
cuidam de parte da sua margem. Apropriação indébita que transforma o bem comum
em área privada. E ainda há quem ache a iniciativa legal...
Num passado não muito remoto o Poder Público local recebeu
recursos do Orçamento da União para “despoluí-la”. Foram maquiadas
vias para pedestre, recuperado meio-fios, construídos bares e restaurantes e
plantadas algumas mudas de plantas às suas margens. Hoje tudo desprezado. Mas,
o esgoto continua. Não se sabe o valor exato dos
serviços,
tampouco como prestaram contas. Papel que a sociedade gostaria de ver exercido
pelos vereadores e divulgado para todos.
Outro dia, caminhando em volta dela e mergulhado em meus
pensamentos quisera compreender o que leva as pessoas a se instalarem em grupos
tão organizados e distintos:
- os que promovem a degradação;
- os que são completamente indiferentes ao problema;
- os que deveriam combatê-la e não o fazem;
- e os que tiram proveito pessoal da situação caótica
(piores).
Vejo crianças, jovens, adultos e idosos andando pelas
margens da Lagoa do Bebedouro sem constrangimento. A impressão que me dá é de
nítida falta de indignação ao problema. Parece que todos já se acostumaram com
o quadro deplorável. A poluição está banalizada. Revelando o nível de
compromisso que a própria sociedade tem com a causa
ambiental.
Aonde a Lagoa do Bebedouro pode nos levar? Discutir a sua
recuperação pode ser o eixo norteador de uma política de educação
socioambiental para a cidade de Parnaíba. A partir deste problema poder-se-ia
montar uma estratégia de gestão rumo ao desenvolvimento integrado do município,
assinalando de forma clara e consensuada o compromisso constitucional que deve
ser assumido também pela sociedade com a melhoria da qualidade de vida local,
que é o que nos falta!
GOMES, Fernando A. L. – Sociólogo, Especialista em Administração
e Manejo de Unidades de Conservação, IBAMA/Parnaíba/PI.